domingo, 21 de junho de 2015

A preguiça e o seu dia

Vou lhes contar um segredo, na verdade não posso dizer que isso é um segredo. Mas eu amo os domingos de manhã, até me irrito às  vezes porque é o único dia que posso dormir até tarde, mas quando saio do meu quarto e vejo aquele céu azul que parece não ter fim, junto as nuvens brancas como algodões e os pássaros voando em coletivo. É um dia que gosto de explorar e fotografar, normalmente deito na rede da varanda e relaxo.
Por que não amar domingo? O único detalhe ruim é saber que no outro dia, tudo começa de novo, mas acho que se não tivesse que começar tudo de novo, não amaríamos tanto os finais de semana e nem sequer os prestigiaríamos. Eu me sinto criança quando é domingo, acordando sempre da mesma forma, escutando meu pai tocar, ou violão ou baixo, não importa se é a mesma musica, mas sinto que posso passar o dia todo naquele momento. Eu entro na sala de ensaio e lá está ele, tocando calmo e em seu mundo, tanto que nem  percebe a minha presença. Hoje falei pra mamãe, que quando for morar fora, vou gravar vários cd´s, só com músicas do papai, tocando junto aos pássaros, pra quando eu estiver só, ficar escutando.
Teve um domingo que nunca esqueço, na verdade vários, mas o mais recente, foi há poucos dias atrás. Como se sabe dia de domingo é  dia de casa da avó e lá estava eu, no carro com meus pais, de pijama ainda, me deitei no banco de trás e fiquei observando o grande azul do céu, e revi tudo aquilo que via quando menor, os formatos das nuvens, lembro bem de fazer competição com minha irmã de quem achava mais formatos de nuvens. Ela sempre ganhava, claro, mas eu sempre dava um jeito, óbvio. Aí me levantei pra falar algo pro meus pais e vi um carro passando por cima de algo que se movia lentamente na avenida e logo carro à nossa frente logo parou.  No primeiro momento jurei que era um cachorro, já ia entrar em prantos, depois pensei que era um pedaço de madeira. Mas a criatura estava se mexendo, ops! É um bicho preguiça. “Paaai, para, para, para!”, “Julio para!”, “Já parei!”. Foi mais ou menos assim, e o nosso carro estava ao lado da preguiça, na verdade, um pouco mais a frente, e a preguiça se mexia, devagar mais com foco, eu vou descer, pensei, e olhei pra minha vestimentas, claro, eu estava de pijama! Quando percebi, todos os carros atrás, estavam parados, vendo a preguiça, e quando percebi, veio um moço, pegou a preguiça e a carregou de volta para o zoobotânico, que era bem na frente. Pensei aquilo como capa de jornal, “ Preguiça foge! Como? Por que?” . Bem o porquê dá  até entender, mas eu  prestigio essa preguiça até hoje, uma preguiça! Fugiu, e ninguém percebeu! Só depois, claro! Eu diria, animal esperto.
Fico emocionada toda vez em que lembro dos carros parados esperando a preguiça passar. Eu até hoje me arrependo de não ter ido lá pra dá um mega abraço nela, porque sempre fui apaixonada por preguiças, talvez seja por isso que eu seja um pouco preguiçosa. Os domingos são mesmo surpreendentes, uma preguiça aparece ali, um pequeno ato de amor surge pelo simples fato de todos os carros pararem e o moço pegar a preguiça.

Ou, domingos é mesmo o dia da preguiça.

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