Vou lhes contar um segredo, na
verdade não posso dizer que isso é um segredo. Mas eu amo os domingos de manhã,
até me irrito às vezes porque é o único dia
que posso dormir até tarde, mas quando saio do meu quarto e vejo aquele céu
azul que parece não ter fim, junto as nuvens brancas como algodões e os pássaros
voando em coletivo. É um dia que gosto de explorar e fotografar, normalmente
deito na rede da varanda e relaxo.
Por que não amar domingo? O único
detalhe ruim é saber que no outro dia, tudo começa de novo, mas acho que se não
tivesse que começar tudo de novo, não amaríamos tanto os finais de semana e nem
sequer os prestigiaríamos. Eu me sinto criança quando é domingo, acordando
sempre da mesma forma, escutando meu pai tocar, ou violão ou baixo, não importa
se é a mesma musica, mas sinto que posso passar o dia todo naquele momento. Eu entro
na sala de ensaio e lá está ele, tocando calmo e em seu mundo, tanto que nem percebe a minha presença. Hoje falei pra
mamãe, que quando for morar fora, vou gravar vários cd´s, só com músicas do
papai, tocando junto aos pássaros, pra quando eu estiver só, ficar escutando.
Teve um domingo que nunca
esqueço, na verdade vários, mas o mais recente, foi há poucos dias atrás. Como
se sabe dia de domingo é dia de casa da
avó e lá estava eu, no carro com meus pais, de pijama ainda, me deitei no banco
de trás e fiquei observando o grande azul do céu, e revi tudo aquilo que via
quando menor, os formatos das nuvens, lembro bem de fazer competição com minha
irmã de quem achava mais formatos de nuvens. Ela sempre ganhava, claro, mas eu
sempre dava um jeito, óbvio. Aí me levantei pra falar algo pro meus pais e vi
um carro passando por cima de algo que se movia lentamente na avenida e logo
carro à nossa frente logo parou. No
primeiro momento jurei que era um cachorro, já ia entrar em prantos, depois
pensei que era um pedaço de madeira. Mas a criatura estava se mexendo, ops! É
um bicho preguiça. “Paaai, para, para, para!”, “Julio para!”, “Já parei!”. Foi
mais ou menos assim, e o nosso carro estava ao lado da preguiça, na verdade, um
pouco mais a frente, e a preguiça se mexia, devagar mais com foco, eu vou descer, pensei, e olhei pra minha
vestimentas, claro, eu estava de pijama! Quando percebi, todos os carros atrás,
estavam parados, vendo a preguiça, e quando percebi, veio um moço, pegou a
preguiça e a carregou de volta para o zoobotânico, que era bem na frente.
Pensei aquilo como capa de jornal, “ Preguiça foge! Como? Por que?” . Bem o
porquê dá até entender, mas eu prestigio essa preguiça até hoje, uma
preguiça! Fugiu, e ninguém percebeu! Só depois, claro! Eu diria, animal
esperto.
Fico emocionada toda vez em que
lembro dos carros parados esperando a preguiça passar. Eu até hoje me arrependo
de não ter ido lá pra dá um mega abraço nela, porque sempre fui apaixonada por
preguiças, talvez seja por isso que eu seja um pouco preguiçosa. Os domingos
são mesmo surpreendentes, uma preguiça aparece ali, um pequeno ato de amor
surge pelo simples fato de todos os carros pararem e o moço pegar a preguiça.
Ou, domingos é mesmo o dia da
preguiça.